Foi para visitar as ruínas arqueológicas de El Tajin que nos levantamos cedíssimo, apanhamos um autocarro na estação norte da Cidade do México e fizemos uma viagem de 5 horas para Poza Rica. Aí, apanhamos outro autocarro até à entrada das ruínas. A viagem é cansativa mas vale bem a pena.
El Tajin é Património Mundial da Humanidade desde 1992 e corresponde à capital da
Civilização de El Tajin. Apesar de não se saber muito sobre esta civilização, as semelhanças entre estas construções e as de Teutihuacan são evidentes, o que leva alguns arqueólogos a pensar que terão feito parte da mesma civilização.
A zona arqueológica tem evidências de construções que se terão iniciado no século I e terão continuado até ao século XIII. A civilização acabou por desaparecer e a cidade foi abandonada e engolida pela floresta. O geógrafo Alexander Von Humbolt passou por aqui no século XIX e documentou-a. Mas muito antes já alguns espanhóis tinham feito várias referências e descrições do local.
El Tajín tem um centro cerimonial com cerca de 1km2. No entanto, as escavações levadas a cabo inicialmente na década de 40 colocaram pouco a descoberto. Na década de 60 voltaram a existir novas escavações e na década de 80 obras de restauro. Estima-se que uma grande parte das ruínas de El Tajín ainda estejam enterradas e preservadas pelas camadas de sedimentos que se espalham por mais de 10km2.
Na entrada existe um
museu dedicado ao local e aos
Voladores, um antigo ritual dos povos Totonaca e Nahua. O museu reune alguns artefactos recolhidos no local com explicações em inglês e espanhol. Por dia pode-se assistir a duas ou três actuações do ritual dos
Voladores na entrada do complexo. Cinco homens vestidos com trajes tradicionais sobem a um poste com cerca de 30 metros de altura. Este poste simboliza a ligação entre o Céu e a Terra. Um dos homens fica no topo tocando tambor e flauta de cana e os restantes atiram-se para baixo, descendo lentamente à medida que as cordas rodam à volta do poste. Cada
volador dá treze voltas ao poste antes de chegar ao chão. O conjunto dos quatro homens perfazem 52 voltas, número que representa os anos do
calendário maia mesoamericano.
Quando se entra no complexo percebe-se que está repleto de pirâmides. A primeira grande área comum é a
Plaza del Arroyo, ladeada por quatro grandes pirâmides que estão orientadas para os quatro pontos cardeais. Dos edifícios escavados, esta é a área mais antiga do complexo. Aqui tem início o centro cerimonial e religioso de El Tajín.
O complexo tem várias pirâmides e palácios. Entre eles existem vários
campos de jogo da bola. O campo de jogo da bola sul tem nas paredes laterais seis painéis em baixo-relevo que ilustram os rituais do jogo e guerreiros, incluindo rituais de sacrifícios humanos dos jogadores e uma orgia.
Na pirâmide que está ao lado do campo da bola sul existe uma
estátua do deus Tajín, o deus dos trovões e dos relâmpagos. É em sua honra que a cidade tem o este nome.
A
Pirâmide dos Nichos, com 6 níveis e mais de 20 metros de altura, é o edifício mais importante do local. No topo existiu um templo que está praticamente todo destruído. A pirâmide tem 365 nichos distribuidos pelos degraus. Tantos como os dias do ano do calendário solar. Será coincidência? Pensa-se que estes nichos serviriam para colocar oferendas aos deuses.
O
El Tajín Chico corresponde à parte norte do complexo e inclui vários campos de bola e edificios com baixos-relexos e pinturas impressionantes. A praça e edifício das Colunas é, provavelmente, o mais emblemático. Estas colunas são gigantescas e têm mosaicos com motivos semelhantes aos de Mitla, nas proximidades de Oaxaca.
Em direcção à extremidade norte do complexo alcançamos o
Grande Xicalcoliuhqui, uma obra de talha entrelaçada que os arqueólogos associam ao deus
Quetzalcoatl, o mais célebre deus mexicano e também adorado pelos Maias. A sua forma é a de uma serpente emplumada (mistura de quetzal e de uma cobra-cascavel).
No final da visita regressamos a Poza Rica e daí à Cidade do México. Saimos de manhã do hostel eram 5.30h e regressamos às 23 horas. Isto é o que se chama um dia em cheio. Caimos na cama como pedras para dormir apenas algumas horas. O dia seguinte reservar-nos-ia novas conquistas.