Uma das ruinas maias que sempre esteve prevista no nosso itinerario era a antiga cidade maia de Calakmul, uma das principais do periodo classico, e grande rival de Tikal (Guatemala). Sitio em permanente escavacao, tem apenas alguns (poucos, em comparacao com os que estao debaixo da selva) edifícios reconstruidos, salientando-se a piramide mais alta do Mexico. Alem disso, o facto de estar localizada bem no meio da selva, no sul da regiao de Campeche e a cerca de 50 km da fronteira com a Guatemala, fazia com que a viagem ate la fosse um desafio tao interessante como a propria visita.
De Tulum, apanhamos um autocarro ate Xpujil, passando por Chetumal (mesmo na fronteira com o Belize, e onde voltariamos no dia seguinte), onde chegamos as duas da manha. Alojamo-nos numa cabana basica e levantamo-nos as oito da manha para arranjar um taxi que nos levasse a Calakmul (viagem que levaria ainda cerca de 2h). Ate aqui, tudo bem.
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Tinhamos tido noticias, em Tulum, que o furacao "Ernesto" tinha desviado o seu percurso para sul e tinha passado na zona de Chetumal. Isto teria acontecido ha 2 dias. Apesar de haver bastante agua junto a estrada, e o condutor do taxi nos ter dito que realmente o furacao tinha passado por ali e que era bastante forte (principalmente tendo em conta que esta zona nao costuma ser afectada por furacoes), nao viamos grandes alteracoes a nossa volta. O percurso pela Highway 186 decorreu sem problemas, e viramos no cruzamento que nos levaria a Calakmul. Quando paramos na entrada do parque (as ruinas situam-se numa reserva de biosfera), caiu-nos na cabeca um balde de agua fria: o acesso a Calakmul estava fechado devido a passagem do furacao, e à consequente queda de arvores na estrada. Da entrada do parque ao Museu do sitio arqueológico distam cerca de 20 km, por isso, com a ajuda do nosso motorista, resolvemos arriscar ate ao museu e ver o que nos diziam. Durante o percurso, reparamos que ja estava a ser limpo por meia duzia de trabalhadores. Quando chegamos ao museu, veio a confirmacao que temiamos: as ruinas estariam fechadas provavelmente durante doiss dias de modo que os 40km entre o museu e as ruínas pudessem ser limpos (por uma equipa de poucos homens). Foi uma tremenda desilusao. Ainda tivemos uma visita guiada ao museu, mas nem nos apetecia ver nada.
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Tínhamos de arranjar uma alternativa a voltar a Xpujil de maos a abanar, depois e tanto esforco e dinheiro gasto (so o taxi seriam 800 pesos mexicanos, a volta de 50 euros!). Felizmente encontrávamo-nos na regiao mais densamente povoada de ruinas maias em toda a mesoamérica (uma vez que foi aqui que a civilizacao maia atingiu o seu auge, durante o periodo clássico), e como "quem nao tem cao, caça com gato", substituimos o grande complexo de Calakmul por 4 sitios diferentes nas redondezas, conhecidos pelas ruinas do Rio Bec. Neste caso, em vez de 1 cao, 4 gatos!
Voltamos para tras, e logo ao lado do cruzamento com a Hwy 186, visitamos as ruinas de Balamkú. Descobertas apenas em 1990 (!), tem um conjunto bem interessante de piramides escondidas entre as arvores. Os trabalhos de limpeza do local estavam em curso e éramos dos poucos visitantes por lá. Nao sei se foi por interiormente desejarmos preencher o "vazio" da visita nao cumprida a Calakmul, mas a verdade é que apreciamos muito este pequeno complexo de ruínas. E, na realidade, vimos aqui algo que certamente ficará como um dos pontos altos arquitectónicos na nossa rota pelas ruinas maias: um espectacular friso de estuque com 17 m de comprimento, no interior de uma piramide (isto é, fazendo parte de uma fase anterior desse edificio) a que se tem acesso por uma porta que o guarda nos abriu. Retratando a visao do cosmos maia, com os seus tres mundos, estao representadas figuras humanas, pássaros, jaguares, serpentes e sapos (seres anfibios que navegam entre a terra e o inframundo). E tudo com alguma das cor original... Lindo!
Seguimos para as ruínas de Chicanná, cujo nome quer dizer "casa das mandíbulas da serpente". Um pequeno complexo, a 11km de Xpujil, tem como princiopal atraccao a estrutura II, com uma fachada que é uma enorme boca de serpente, com um elaborado mosaico de pedra à volta, representando o deus Itzamná, o deus da criaçao e da terra. Outro edificio que se distingue é a estrutura XX, que reproduz o desenho da estrutura II, mas que tem dois andares e máscaras de Chac, o deus da chuva.
Seguimos depois para as ruinas de Bécan, a apenas 8km de Xpujil. Rodeadas por um fosso (de onde vem o nome das ruinas, mas agora quase sem água) de mais de 2km de comprimento, é o maior complexo dos locais do Rio Béc. Logo na entrada, situa-se uma passagem fechada em forma de arco, que nos leva à estrutura VIII, um edificio com colunas em cima , que suportariam um telhado. Logo ao lado está a praça central, com o edificio mais alto do complexo (estrutura IX), de onde se tem vistas fabulosas da estrutura VIII e da paisagem circundante.
No lado sul da estrutura X, encontrámos uma fabulosa máscara, fechada e visível apenas por um vidro.
Existe ainda uma praça oeste, onde se situam vários ediícios baixos e um campo de jogo de bola.
A praça sudeste é rodeada pelas estruturas I a IV, com um altar circular a este da praça.
Embalados pela visita a este belo complexo, seguimos para as últimas ruínas deste périplo, as ruínas de Xpujil, mesmo à entrada da cidade. Sao as mais pequenas de todas, mas encontra-se lá um edificio com uma das caracteristicas mais marcantes da arquitectura de Rio Béc, com as suas 3 torres pontiagudas (normalmente apenas duas) no seu topo. Estas torres sao falsas piramides-templos, uma vez que os degraus sao demasiado íngremes para se poderem subir e as construçoes parecem nao ter divisoes, desconhecendo-se a sua funçao.
No final, sentimo-nos de certa forma reconfortados da desilusao que tínhamos sentido de manha, pois visistamos 4 interessantes e pouco conhecidas ruínas, sendo que cada uma delas enriqueceu de forma singular a nossa "Rota dos Maias 2012".
Dirigimo-nos entao ao nosso pouso da noite passada, onde recolhemos as mochilas, para depois irmos para a paragem de autocarro, esperar pelo transporte que nos levaria até Chetumal, onde no dia seguinte iniciaríamos uma nova etapa na nossa viagem, entrando no território do Belize.